Embora as urnas das eleição dos EUA de 2024 ainda nem tenham fechado, já se espera que a contagem de votos seja lenta e complexa. Essa previsão é feita por observadores eleitorais, que indicam que o processo de apuração poderá levar dias e envolver diversos desafios.
Os Desafios da Eleição dos EUA de 2024
Diferente do que ocorre em alguns outros países, nos EUA, cada Estado segue suas próprias regras para votação e contagem, em uma forte expressão do federalismo que caracteriza o país. Essa liberdade estadual, embora garanta uma identidade única para cada região, também traz problemas. Com a falta de uma padronização nacional, surgem discrepâncias nos métodos e na velocidade de apuração.
Em Estados como a Califórnia, a votação é projetada para ser inclusiva e eficiente. Por outro lado, locais como a Carolina do Norte enfrentam dificuldades, com longas filas e limitações que tornam o processo mais demorado e complicado.
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Disputa Acirrada nos Estados-Chave
Em 2024, a eleição está extremamente polarizada, com a disputa centralizada entre Kamala Harris e Donald Trump. O cenário é de um empate técnico, o que aumenta as chances de uma apuração prolongada. Muitos dos Estados decisivos, como Pensilvânia e Geórgia, possuem regras que obrigam a recontagem dos votos se a diferença entre os candidatos for muito pequena, o que pode estender ainda mais o processo.
Por exemplo, na Pensilvânia, uma recontagem automática é ativada se a diferença for de 0,5% ou menos. Isso significa que, em caso de uma margem estreita, a recontagem será necessária, resultando em atrasos adicionais.
Tensão e Possível Judicialização dos Resultados
Outro fator que contribui para a complexidade da apuração é o histórico recente de desconfiança no processo eleitoral. Em 2020, o então presidente Donald Trump alegou, sem provas, que a eleição foi fraudada, o que culminou na invasão do Capitólio em janeiro de 2021. Em 2024, há temores de que candidatos possam declarar vitória antes da conclusão da apuração, colocando em dúvida os resultados oficiais e criando um ambiente de conflito e descrédito no processo.
Além disso, as eleições americanas já enfrentam processos judiciais em todo o país. São centenas de ações, questionando regras e pontos específicos da votação. Esse ambiente judicializado pode desacelerar a apuração e abrir portas para que os resultados sejam contestados por muito mais tempo.
Preocupações com a Segurança
Os Estados Unidos enfrentam uma tensão crescente em torno da segurança dos trabalhadores eleitorais e dos locais de apuração. No Arizona, um dos Estados mais tensos desde 2020, as ameaças aos funcionários responsáveis pelo processo eleitoral aumentaram. Recentemente, medidas de proteção, como o uso de coletes à prova de balas e a presença de policiamento reforçado, foram adotadas para garantir a segurança de quem trabalha nas apurações.
O Papel da Desinformação
A disseminação de notícias falsas é outro obstáculo. Muitos eleitores estão vulneráveis a desinformações, o que pode amplificar o clima de desconfiança. Candidatos e figuras públicas podem impulsionar teorias de fraude caso sintam que o resultado não lhes é favorável, incentivando a contestação dos resultados e até mesmo gerando violência, como ocorreu em 2020.
Segundo David Carroll, diretor do Programa de Democracia do Carter Center, o maior risco é que essas informações levem parte da população a desacreditar no sistema eleitoral.
Conclusão
A apuração dos votos nas eleições de 2024 nos Estados Unidos tem tudo para ser um processo prolongado, cercado de desconfiança e potencialmente judicializado. A falta de padronização nas regras de apuração, somada à possibilidade de recontagens nos Estados decisivos, cria um cenário de incerteza. Para muitos observadores, a possibilidade de candidatos contestarem o resultado apenas intensifica o risco de instabilidade.
Com a polarização crescente e um histórico recente de questionamento das eleições, o processo de contagem de votos deste ano pode não só influenciar o resultado, mas também testar a força e a resiliência da democracia americana.