Kamala ou Trump: Como Afetam a Economia Brasileira e os Impactos no Dólar, Bolsa de Valores e Juros

O desfecho dessa disputa, que define o comando da maior economia global, é acompanhado de perto pelos mercados financeiros ao redor do mundo, inclusive no Brasil. A eleição pode trazer impactos relevantes para a economia brasileira como câmbio, a bolsa de valores e a taxa de juros.

Nesta terça-feira, 5 de novembro, os norte-americanos vão às urnas para escolher seu próximo presidente. O desfecho dessa disputa, que define o comando da maior economia global, é acompanhado de perto pelos mercados financeiros ao redor do mundo, inclusive no Brasil. A eleição pode trazer impactos relevantes para a economia brasileira como câmbio, a bolsa de valores e a taxa de juros.

Com a saída de Joe Biden da disputa em julho, após pressões de seu partido e dos eleitores, a candidatura democrata foi assumida por Kamala Harris, atual vice-presidente. A entrada de Kamala trouxe uma nova dinâmica à corrida eleitoral, com o mercado atento às suas políticas econômicas e ao possível impacto de sua gestão.

Já Donald Trump, que busca retomar o cargo que ocupou entre 2017 e 2021, é um rosto conhecido dos mercados. Sua postura protecionista e sua abordagem controversa em relação a questões econômicas e comerciais são observadas de perto, pois influenciam diretamente as relações internacionais e as expectativas de investidores.

Com a corrida eleitoral apertada e a possibilidade de uma vantagem ligeira de Trump, o mercado vê a possível reeleição do republicano como uma volta a uma agenda de tarifas comerciais e escalada nas tensões com a China. Em contraste, a proposta de Kamala traz um olhar mais colaborativo e com foco em políticas sociais. Veja a seguir os principais aspectos econômicos em jogo e seus possíveis reflexos para o Brasil.

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1. Comércio Internacional e Balança Comercial

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China. A dinâmica entre esses países é essencial para o fluxo de exportação e importação brasileiro.

Welber Barral, consultor de comércio internacional, observa que, desde a era Obama, as relações comerciais entre Brasil e EUA mantêm certa estabilidade. No entanto, a gestão Trump foi marcada por decisões protecionistas que afetaram o comércio global, incluindo o Brasil.

O ex-presidente, que intensificou sanções contra a China, busca agora novas restrições que, de forma indireta, podem atingir o Brasil, especialmente se houver sanções contra países que utilizam a moeda chinesa em transações comerciais. Em contrapartida, uma vitória de Kamala poderia significar um retorno a uma política mais cooperativa e menos protecionista, o que favoreceria o comércio brasileiro.

Ações protecionistas de Trump, especialmente em setores como o aço e o alumínio, podem afetar negativamente as exportações brasileiras, prejudicando o saldo da balança comercial. Esse saldo negativo pode impactar a entrada de dólares no país, desvalorizando o real e pressionando o câmbio.

2. Impacto no Dólar

As políticas econômicas de Trump e Kamala possuem abordagens distintas que podem impactar o dólar em relação ao real. Com Trump, espera-se uma continuidade do protecionismo, o que pode fortalecer o dólar frente ao real, especialmente com a menor entrada de recursos internacionais. Em 2024, a moeda americana já experimentou alta significativa, em parte influenciada pelas condições fiscais e econômicas dos EUA.

Especialistas como Rafael Cardoso, do Daycoval, apontam que políticas assistencialistas de Kamala, voltadas para o aumento da renda da população mais vulnerável, podem pressionar a inflação americana, levando o Fed (o banco central dos EUA) a manter juros elevados para controlar os preços. Juros altos tornam os investimentos em dólar mais atrativos, fortalecendo a moeda americana.

Por outro lado, André Galhardo, da Análise Econômica, destaca que o histórico de Trump mostra um impacto de alta no dólar frente ao real, como observado entre 2017 e 2021, período de grande valorização da moeda americana.

3. Bolsa de Valores e Ibovespa

As ações de empresas como Vale e Petrobras, que têm grande peso no índice Ibovespa, estão atreladas ao comportamento dos preços de commodities, como minério de ferro e petróleo, no mercado global. A política econômica do próximo presidente dos EUA pode influenciar diretamente esses preços e, portanto, os resultados do índice brasileiro.

André Galhardo aponta que uma possível desaceleração da economia chinesa, causada por sanções comerciais promovidas por Trump, poderia impactar negativamente o Ibovespa. Em contrapartida, Alex Andrade, da Swiss Capital, sugere que uma vitória de Kamala, ao trazer uma política econômica menos protecionista, pode representar menores riscos para o mercado brasileiro.

4. Taxa de Juros

As decisões de política monetária do Federal Reserve são observadas de perto pelo Banco Central do Brasil, já que juros mais altos nos EUA impactam os fluxos de capital estrangeiro, pressionando a economia brasileira. A inflação americana, que tende a subir com políticas de estímulo ao consumo, gera a expectativa de elevação das taxas pelo Fed.

Essa perspectiva de juros mais altos nos EUA pode influenciar o Banco Central do Brasil a manter a Selic, a taxa de juros básica brasileira, elevada. Jefferson Laatus, do grupo Laatus, alerta para os riscos de cortes de impostos promovidos por Trump, que podem aumentar a inflação e agravar a saúde fiscal dos EUA, pressionando a política monetária global.

Conclusão

A eleição entre Kamala e Trump representa dois caminhos distintos para a economia brasileira. Enquanto Trump promete uma política mais protecionista, com maior risco de sanções indiretas para o Brasil, Kamala sinaliza uma política mais colaborativa, mas com possíveis impactos inflacionários nos EUA. Os efeitos na balança comercial, dólar, bolsa e juros no Brasil são diretos, e o cenário permanece incerto até a definição do próximo presidente americano.

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